Como lidar com as Birras? As birras surgem em crianças com idades compreendidas entre os 18 e os 36/48 meses. Embora ruidosas, desesperadas e embaraçosas, as birras não são mais do que manifestações da vontade da própria criança que, por volta dos 2 ou 3 anos, apercebe-se que já se pode fazer ouvir!
As birras fazem parte do desenvolvimento normal da criança, caracterizando-se por acessos de cólera em resposta à frustração. As birras são uma manifestação saudável das emoções, sentimentos, vontades e necessidades. Afinal, estão a desenvolver a sua personalidade!
Causa e fatores que levam às birras
As crianças precisam de rotinas, de regras e de orientações claras, no que se refere ao que podem ou não fazer, e ao que faz ou não sentido! Se isto não acontece as crianças sentem-se “perdidas” e inseguras e vão testar os limites, muitas vezes, através de birras ou de comportamentos desadequados.
As causas das birras devem-se ao facto de a criança não possuir, ainda, mecanismos para lidar com a frustração.
Os fatores que levam às birras são diversos: o cansaço, o sono, a fome e certas situações como a refeição, a hora de deitar, as idas ao supermercado ou mesmo a falta de atenção.
Então, o que deve fazer e como lidar com as birras?
Como lidar com as birras? Nunca ceda às birras de uma criança! Ao ceder, vai passar a mensagem que as birras são normais e aceitáveis para a criança obter aquilo que deseja. Ao não ceder estará a mostrar-lhe várias coisas: que existe um tempo para tudo e existem regras e limites. Evite os longos sermões; ameaçar; bater; dizer o que fez de errado em frente de outras pessoas (sentir-se-á humilhado); evitar o “olha que a mãe/pai fica triste”; desautorizar o outro (esposa/marido); gritar, pois só estimula mais as birras.
Lidar com as birras: dicas para ajudar a criança
Algumas dicas para lidar com as birras e que ajudam a criança a não fazer (tantas) birras:
- Definir bem os papéis e as tarefas de cada um (Pais e Filhos);
- Dedicar tempo a explicar as regras e os limites;
- Dar à criança escolhas na decisão (ex: escolher o livro que os pais vão ler antes de dormir, a escolha da fruta…);
- Não ser demasiado permissivo;
- Realçar qualidades;
- Mimar q.b.;
- Conquistar obediência;
- Fazer saber que não é não;
- Conversar muito com a criança.
E se a birra for persistente?
Como lidar com as birras persistentes? Nestes casos, é importante estabelecer contacto físico com a criança (colocar-se ao seu nível, abraçá-la, pegar nela ao colo), com o intuito de a acalmar, sem ceder ao seu pedido. Concentre-se no seu estado emocional e não na sua exigência, fale com ela tranquilamente, de preferência sobre outras coisas. No entanto, se sentir que as birras da sua criança se tornam mais frequentes e sem sinais de abrandamento não deixe de não pedir ajuda para perceber como lidar com as mesmas.
Lidar com as birras: esteja atento aos sinais de alarme
Deve estar atento aos sinais de alarme: quando as birras aumentam de frequência, duração e intensidade; quando não consegue de todo controlá-las; quando a criança destrói brinquedos ou outros objetos; quando as birras ocorrem na escola; quando os pais reagem com agressividade às birras dos seus filhos.
A tarefa dos pais é ensinar e amar
Apesar de ser difícil lidar com as birras, a tarefa dos pais é ensinar à criança outras formas de expressar as suas necessidades, e a aceitar o facto de que nem sempre lhe fazem a vontade. Nestes momentos, é necessário que os pais não tenham receio de dizer não (explique sempre a razão do não), deixando bem claro que o amor que sentem pelos filhos é incondicional. A disciplina é também uma forma de amor. Pratique-a sem ignorar os gostos da criança. A disciplina é, depois do amor, o mais importante que se pode dar a uma criança.
Não esqueça de expressar empatia e diga-lhe que compreende perfeitamente o que ela está a sentir. O objetivo é a autodisciplina, porém, não pense que esta será a última birra… Mas com tempo, amor e dedicação tudo é possível e as birras passam, e as crianças serão adultos saudáveis que vão saber e compreender o que é certo ou errado e o que podem ou não fazer.
Cátia Santos / Psicóloga e Psicoterapeuta
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