Criança triste a estudar

Depressão Infantil, como detetar e qual o tratamento

In Psicologia Infantil por Elisabete Condesso

Será que as crianças sofrem depressão? Quais são os sintomas da depressão infantil e qual o tratamento? Neste artigo vamos responder a estas perguntas.

A depressão é uma perturbação do foro psicológico geralmente associada a indivíduos adolescentes ou adultos. E será que as crianças podem sofrer de depressão? Será que os sintomas são os mesmos que se manifestam nos adultos? Como detetar a perturbação e qual o tratamento a seguir? Neste artigo vamos responder a estas e outras perguntas.

O que é a depressão infantil

Estudos recentes apontam para que a depressão infantil seja mais frequente do que inicialmente se pensava: cerca de cinco por cento (5%) das crianças e adolescentes possuem um grau significativo de depressão.

A depressão infantil é uma perturbação psicológica associada a algum aspeto de comprometimento da personalidade da criança, tal como baixa autoestima e autoconfiança. Os principais comportamentos da criança com depressão infantil são: 1) autodepreciação, tristeza, frustração, medos; 2) perda da energia habitual, diminuição do apetite e redução de peso; 3) hiperatividade, agressividade e irritabilidade; 4) distúrbios do sono; 5) diminuição da socialização; 6) atitude negativa em relação à escola e baixo rendimento escolar.

Estão também associados sintomas somáticos como enurese/encoprese, dores de barriga e diarreia, dores de cabeça, vómitos, além de condutas socialmente menos adequadas. No entanto, há que referir que os sintomas da depressão na infância variam de acordo com a idade.

Criança deprimida, Depressão Infantil
Criança deprimida

Como até os 7 anos as crianças não apresentam competências verbais para expressar os seus sentimentos, o diagnóstico de sintomas depressivos torna-se mais difícil nesta faixa etária. Assim, é necessário levar em conta a comunicação não-verbal, a expressão facial, os desenhos e a postura corporal da criança. Deste modo, pais, educadores e professores devem estar atentos aos comportamentos da criança, sendo o baixo rendimento escolar um dos primeiros sinais do surgimento de um possível quadro depressivo. Os pais poderão identificar problemas no repertório comportamental da criança, variando desde extrema irritabilidade à obediência excessiva, ocorrendo ainda uma instabilidade significativa em relação a esses comportamentos.

Quanto mais problemas de comportamento a criança apresentar, maior será a probabilidade de um desenvolvimento atípico, visto que a depressão interfere nas atividades associadas à cognição e à emoção. A deteção precoce de sintomas depressivos em crianças evita que venham a desenvolver quadros graves, com prejuízos no convívio social e no ambiente escolar e familiar.

A importância da ajuda profissional de um psicólogo

No início, ocorre com frequência uma incompreensão do que se está a passar com a criança, isto é, os pais e professores não têm a clara perceção do problema, pelo que tendem a adiar a procura de ajuda profissional. Assim, os traços que apontam para a doença só são percebidos quando passam a compor um quadro de atitudes e comportamentos muito salientes e frequentes.

As consequências da depressão infantil são principalmente ao nível do desenvolvimento cognitivo e emocional, pelo que deve-se iniciar um tratamento precoce, evitando, dessa forma, maiores prejuízos. Diante da suspeita de depressão é, pois, importante a procura de um psicólogo competente, nomeadamente com formação em ludoterapia. Com a intervenção profissional consegue-se a diminuição do sofrimento infantil, aumentando a capacidade adaptativa e proporcionando o ajuste socio-emocional destas crianças.

Elisabete Condesso / Psicóloga e Psicoterapeuta

© PsicoAjuda – Psicoterapia certa para si, Leiria

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Sobre o Autor

Elisabete Condesso

Directora clínica da PsicoAjuda. Psicóloga clínica e Psicoterapeuta. Licenciada em Psicologia Clínica pela ULHT de Lisboa e com pós-graduação em Consulta Psicológica e Psicoterapia. Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos. Título de especialista em “Psicologia clínica e da saúde” atribuído pela Ordem dos Psicólogos.