A pandemia do coronavírus tem causado medo e stress, e vai deixar marcas ao nível psicológico. Então, poderá necessitar de apoio psicológico para COVID-19!
É muito espectável que, um episódio tão violento e marcante como este, deixe marcas em todos nós. Muitos vamos continuar a viver e a funcionar como se essas marcas não existissem, e outros vamos desequilibrar e precisar de ajuda. Saiba neste artigo que marcas irá deixar a pandemia do coronavírus e o que deve fazer, isto é, qual o apoio psicológico para COVID-19.
Será que necessito de apoio psicológico para COVID-19?
Assistimos com estupefação o mundo ser varrido pela pandemia do coronavírus (COVID-19). Apesar disso, os portugueses têm demonstrado que conseguem socorrer-se de notáveis poderes de força e cooperação, que felizmente possuímos, não só enquanto cidadãos de uma das nações mais antigas do mundo, mas sobretudo enquanto seres humanos. É essa força que possuímos que nos tem ajudado a concentrar a nossa resposta para enfrentar com eficácia esta crise. E, aparentemente, conseguimos combater com sucesso a primeira vaga da pandemia!
Contudo, esta pandemia obrigou-nos a medidas extremas, como o distanciamento social, que passou a condicionar as nossas vidas. Rotinas diárias tiveram que ser mudadas de forma repentina e radical, situação que tem causado ampla preocupação, medo e stress, reação natural face à mudança e incerteza.
Não sei quanto tempo vamos ficar sem nos podermos tocar e cumprimentar. Será sempre mais do que desejaríamos. E o que nos faz cumprimentar e abraçar é mais do que uma convenção social. É o nosso modo de vida, baseado nas relações sociais. É isso aqui está em causa.
Então, poderá estar a interrogar-se como deve agir nesta situação stressante. Será que necessita de apoio psicológico para COVID-19?
Em quarentena as pessoas tendem a desenvolver distúrbios psicológicos
É indesmentível que esta crise está a causar um impacto significativo na nossa saúde mental. Que impacto é esse e que marcas ao nível psicológico irá deixar? É algo que irei apresentar-lhe de seguida.
Ainda não existem estudos consistentes sobre o impacto ao nível psicológico causado pela pandemia do coronavírus (COVID-19). Mas dispomos de estudo recentes sobre o impacto psicológico de períodos de quarentena, ou seja, da “restrição de movimento de pessoas que foram potencialmente expostas a uma doença contagiosa” que podem dar-nos alguma pistas de quais poderão ser as consequência desta pandemia. Importa salientar que esses estudo foram realizados num contexto limitado, abrangendo uma população bastante reduzida, como uma cidade ou uma região. Agora estima-se que cerca um terço da população mundial, quase 3 mil milhões de pessoas, se encontrem afetada, sendo por isso o maior estudo psicológico alguma vez realizado. Apesar desta diferença, muito provavelmente iremos encontrar padrões comuns entre as duas situações que importa aqui destacar.
Esses estudos anteriores mostram que num contexto de quarentena as pessoas desenvolvem uma ampla gama de distúrbios psicológicos, sendo os mais comuns o stress, ansiedade, baixo humor e irritabilidade, mas que podem também incluir a insónia, raiva, exaustão emocional, depressão e stresse pós-traumático. Nos casos em que os pais estão em quarentena com os filhos, os distúrbios psicológicos são ainda mais acentuados. Esses estudos apontam quer para os riscos de curto prazo mencionados anteriormente, quer para riscos de longo prazo, como o abuso de álcool, a automedicação e o comportamento duradouro de “evitação”. Consequentemente, é expectável que durante esta quarentena do coronavírus as pessoas desenvolvam distúrbios psicológicos, pelo será aconselhável procurarem apoio psicológico para COVID-19.

Quais os sintomas de uma situação grave ou distúrbio psicológico?
Durante o confinamento, os motivos do stress são abundantes: há o risco de infeção, o medo de adoecer ou de perda de entes queridos; há ainda a perspetiva de dificuldades financeiras e uma grande incerteza quanto ao futuro. Tudo isso, e muito mais, está presente nesta pandemia atual. Deste modo, e como tem acontecido após desastres e grandes incidentes, são necessários cuidados psicológicos especiais. Apresento-lhe de seguida algumas regras práticas:
- Tem que começar por perceber qual é o impacto psicológico e as reações esperadas face à situação que estamos a viver. Terá que saber o que é uma reação psicológica normal.
- É igualmente importante que saiba identificar uma reação psicológica anormal, ou seja, quais podem ser os sintomas de uma situação grave ou distúrbio psicológico, em que deverá recorrer à ajuda de um profissional de saúde, por exemplo, um psicólogo clínico.
Então, como identificar uma reação psicológica anormal? É quando começa a sentir que não consegue desligar-se das emoções, que estas determinam o seu comportamento e que este traz consequências negativas, quer para si, quer para os outros.
Vou dar-lhe um exemplo. Imagine que se sente triste. Pode ser porque perdeu alguma coisa. Pode ser porque foi despedido, ou até mesmo porque perdeu um ente querido. Nesse caso, não estará incomodado por estar triste, mas pela perda que sofreu. Agora se, pelo contrário, está triste porque não consegue deixar de estar. É como se fosse uma tristeza sem razão, que o incomoda, que altera o seu comportamento e cuja razão é a própria tristeza. Nesta situação de tristeza, não consegue fazer coisas que são importantes para si. O mesmo acontece com as outras emoções. Na ansiedade, começa a evitar determinadas situações; na raiva, acaba por dizer ou fazer coisas de que se irá arrepender.
O apoio psicológico para COVID-19 proporcionado por um psicólogo clínico
Em suma, quando o estado emocional começa a trazer-lhe prejuízos, é altura de pedir ajuda. Porém, a intervenção psicológica não serve apenas quando está em estado de perturbação. Também é preventiva e motivadora. Como irei descrever num próximo artigo, poderá agir de forma a minimizar os efeitos tóxicos provocados pela situação da pandemia.
Por agora, lembre-se que a sua ansiedade e medos devem ser reconhecidos e não podem ser ignorados, para melhor serem compreendidos e abordados. Por isso, esteja atento a todos os sintomas e, se necessário, procure apoio psicológico para COVID-19. Recorra a um psicólogo clínico que o poderá ajudar. Quando mais precocemente foi a intervenção, mais eficaz será a mesma. Logo, em caso de dúvida, não hesite e peça ajuda.
Também é importante que esteja atento aos outros. Mais do que nunca, é importante que esteja atento às necessidades únicas de saúde mental daqueles de que está a cuidar. Telefone e converse com frequência com os seus familiares e amigos.

Estará a perguntar a si próprio se alguma vez voltaremos ao normal? Eu acredito que com o tempo tudo voltará ao normal, ainda que todos tenhamos passado por uma experiência muito difícil. E acredito nisso porque assim tem sido ao longo de toda a história da humanidade. Situações de crise como esta, têm obrigado o ser humano a reinventar-se e a encontrar formas de se adaptar, com resultados extremamente positivos. É assim que temos conseguido dar grandes saltos evolutivos. Hoje, é inequívoco que vivemos melhor do que há 50, 100 ou 200 anos. E não tenho dúvidas que iremos viver melhor daqui a 5 ou 10 anos. Por isso, a minha mensagem final para si é que não tenha medo.
VAI FICAR TUDO BEM!
Perguntas e Respostas
É muito espectável que, um episódio tão violento e marcante como este, deixe marcas em todos nós. Muitos vamos continuar a viver e a funcionar como se essas marcas não existissem, e outros vamos desequilibrar e precisar de ajuda ao nível psicológico.
A sua ansiedade e medos devem ser reconhecidos e não podem ser ignorados, para melhor serem compreendidos e abordados. Por isso, esteja atento a todos os sintomas e, se necessário, recorrer a um psicólogo clínico que o poderá ajudar. Quando mais precocemente foi a intervenção, mais eficaz será a mesma. Em caso de dúvida, não hesite e peça a ajuda de um psicólogo clínico.
Os sintomas referem-se a uma situação grave ou distúrbio psicológico, quando manifestar uma reação psicológica anormal, ou seja, quando começa a sentir que não consegue desligar-se das emoções, que estas determinam o seu comportamento e que este traz consequências negativas, quer para si, quer para os outros.
A intervenção psicológica não serve apenas quando está em estado de perturbação, também é preventiva e motivadora. Por isso, é recomendável que recorra ao psicólogo clínico mesmo antes de ter sintomas.
Mais do que nunca, é importante que esteja atento às necessidades dos outros. Telefone e converse com frequência com os seus familiares e amigos.
Eu acredito que com o tempo tudo voltará ao normal. Assim tem sido ao longo de toda a história da humanidade. Situações de crise como esta, têm obrigado o ser humano a reinventar-se e a encontrar formas de se adaptar.
Elisabete Condesso / Psicóloga e Psicoterapeuta
© PsicoAjuda – Psicoterapia certa para si, Leiria
Imagens cortesia de bnmk0819 e vitalii_petrushenko em Freepik.com